[data comemorativa] E hoje se comemora o que?


O dia 20 de novembro é comemorado no Brasil como o Dia da Consciência Negra. Essa data é em homenagem ao dia em que Zumbi dos Palmares morreu, no ano de 1695, enquanto lutava contra a escravidão (a abolição só veio em 1888, quase 200 anos após a sua morte). Zumbi foi o último líder do Quilombo dos Palmares, que surgiu para abrigar escravos fugitivos e chegou a refugiar mais de 20 mil pessoas.

Apesar da libertação dos escravos ter acontecido há 128 anos (eu sei que esse é outro feriado, minha gente), sabemos que os negros sofrem as consequência até hoje e o racismo está cada vez mais evidente (hoje eu nem vou falar sobre essa "libertação").

A data foi incluída no calendário escolar em 2003, mas só em 2011 a lei 12.519 instituiu oficialmente o Dia Nacional de Zumbi e da Consciência Negra. Apesar da lei, não é obrigatório que o feriado seja adotado em todas as cidades. Na Bahia, por exemplo, o dia 20 de novembro só é feriado em duas cidades (Alagoinhas e Serrinha).

Agora para relembrar a história de Zumbi, eu vou deixar aqui alguns livros sobre ele. ^^


Zumbi (Joel Rufino dos Santos)
Neste livro, Joel Rufino nos oferece, mais do que a biografia de um personagem que lutou pela liberdade dos negros no Brasil escravocrata, uma verdadeira radiografia do mundo colonial.

Ao analisar a estrutura dessa sociedade, examinando o núcleo familiar, a hierarquia de classes e a noção de riqueza então vigente, desvenda para o leitor a ideologia que criou e fundamentou, durante séculos, o mais cruel sistema de escravidão que a história do Ocidente já registrou.


De olho em Zumbi dos Palmares - histórias, símbolos e memória social (Flávio dos Santos Gomes)

Em 20 de novembro de 1695, após a destruição de quase todos os mocambos do quilombo dos Palmares, Zumbi, o líder negro que assombrava fazendeiros e autoridades nos primeiros tempos da ocupação colonial no Brasil, foi finalmente vencido e morto pelas tropas bandeirantes. O fim heroico e as histórias sobre seus feitos inspiraram, e ainda inspiram, diversos movimentos sociais, transformando Zumbi num símbolo das lutas contra a opressão.

Com base em estudos e na documentação da época, Flávio dos Santos Gomes, professor da UFRJ e pesquisador reconhecido por seus estudos sobre a escravidão, reconstitui neste livro a trajetória desse personagem histórico procurando não apenas responder quem ele foi de fato no passado colonial, mas buscando entender a apropriação, ao longo da história, de sua figura pela cultura popular, por ativistas sociais, intelectuais e artistas. Além disso, o autor analisa ainda a formação de Palmares e suas raízes africanas, bem como as diversas incursões feitas para destruí-lo. O livro conta ainda com rico material iconográfico, cronologia e sugestão de leitura e de atividades, assim como os outros volumes da coleção.


O Quilombo dos Palmares (Edison Carneiro)

Nos anos 30 e 40 surgem as importantes pesquisas de Edison Carneiro, analisando as dimensões culturais africanas no Brasil, em especial as formas religiosas. Na abordagem sobre Palmares, uma grande viragem aconteceria em 1947. Praticamente refunda um debate mais tarde esquecido, mas profundamente atual: as experiências da diáspora e da história da África, produzindo um estudo original sobre a organização política, econômica, militar, cultural e social de Palmares, apontando para o fenômeno "contra-aculturativo". O pioneirismo e a sofisticação analítica foram únicos. Edison Carneiro foi um dos primeiros a sugerir uma classificação para os quilombos, chamando atenção para as “características e peculiaridades”, além de destacar os limites metodológicos das fontes usadas para analisá-los: produzidas pela repressão. Argumentou sobre uma tipologia, no caso uma “fisionomia comum”, sendo que para ele o “movimento da fuga” por si só constituía a “negação da sociedade oficial”, e a formação de comunidades era a “reafirmação da cultura e do estilo de vida africanos”. Foi assim pioneiro – depois, somente os estudos de Clóvis Moura deram continuidade – em conceber uma sociologia própria dos quilombos no Brasil. Segundo ele, o “tipo de organização” dos quilombos era de verdadeiros “estados africanos”. - Flavio Gomes


Zumbi - O último heróis dos Palmares (Carla Caruso)

Este livro conta a história de um herói lendário, de um grande chefe guerreiro que liderou bravamente o quilombo dos Palmares em suas batalhas finais pela liberdade. A Coleção A Luta de Cada um mostra brasileiros notáveis que corajosamente enfrentaram inúmeros desafios em busca de um mundo melhor.


Zumbi dos Palmares - A História do Brasil que não foi contada (Eduardo Fonseca)

O historiador Eduardo Fonseca debruçou-se sobre mais de 15 mil documentos para resgatar a história do Quilombo dos Palmares e contextualizá-la no momento político e econômico da época. A obra traz um prefácio de Antônio Houaiss.


Três vezes Zumbi - A Construção de um Herói Brasileiro (Jean Marcel de França e Ricardo Alexandre Ferreira)

'Três vezes Zumbi' apresenta ao leitor um mapa das diferentes versões que a sociedade brasileira formulou a respeito do Zumbi dos Palmares. Os autores examinam as construções culturais de Zumbi, criadas em três períodos da história - o colonial, o da formação do Brasil como nação, e o contemporâneo.


Zumbi dos Palmares - Herói negro da nova consciência nacional (Fonseca Junior)

Esse é livro denúncia da escravidão em nosso Brasil colonial, e que até hoje se estende sob a forma de bloqueio ao crescimento social do negro. Zumbi e herói nacional, assim como Tiradentes, ambos lutando e morrendo pelo ideais de um Brasil livre e independente. Tiradentes, impregnado pelas ideias de Voltaire e Rouseau florescentes na Revolução Francesa: liberdade, igualdade, fraternidade. Zumbi, pela preservação de sua cultura, de sua religião, suas tradições, em sonho de igual liberdade ambientado na cálida tropicalidade brasileira.


Palmares - A guerra dos escravos (Decio de Freitas)

Mergulho no universo de Palmares, território negro encravado na capitânia de Pernambuco que, quando extinto, foi considerado pela Coroa batalha tão importante quanto a expulsão dos holandeses.


BÔNUS


The Orixas


A releitura de ilustrações clássicas de heróis da Marvel, numa homenagem a Jack Kirby mas com divindades da mitologia iorubá no lugar dos super-heróis, começou na internet, virou pôsteres especiais e se transforma em HQ completa a partir de 2017. (vi aqui e aqui)


Série de livros sobre a história de Kiriku



A série Kiriku (o bebê guerreiro) é um verdadeiro mergulho na rica cultura africana que integra o patrimônio étnico e cultural brasileiro. A partir desses dois primeiros livros (Kiriku e a Feiticeira e Kiriku e o Colar da Discórdia), a editora pretende fazer múltiplas abordagens sobre cultura africana, meio ambiente, costumes sociais, preconceitos, escravização, generosidade, respeito, determinação, coragem e tolerância. (mais sobre os livros aqui e mais sobre a história de Kiriku aqui)

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